terça-feira, dezembro 22, 2009

Uma vez

E cai, como se de outono se trata-se, cai a esperança
Esta chuva, tomba-me como a ferida de uma lança
E na lenta queda, cobre-me este nevoeiro serrado
O vento leva toda a certeza e julgo estar errado
Rumo a um local desconhecido, caminho lentamente...
Olho mais longe e tendo a recuar ligeiramente...
Passo a passo enchendo-me de receio
Levo tão longe quanto vou, as partes que odeio
É certo que lutei, em redor do que acredito
Mas hoje parece ser tarde e tudo apenas infinito
Não sei bem como se deve desistir, nem se o hei-de fazer
Neste infinito já nada consigo prever...
O
hoje
foi
apenas
mais
um
ontem
perseguido
por
um
amanhã

segunda-feira, dezembro 21, 2009

RAIVAS



Puta de raiva que me consome nesta vida estagnada

Nesta esterco de sentimentos neste monte de dor

Puta de morte que tarda nesta vida estagnada

Neste momento de fúria neste momento de dor

Puta de túmulo que não abre portas

A esta vida que me consome e não me mata

A esta vida que me fere e não me cura

Puta de túmulo que não abre as portas

A vida que não avisto

Puta de cova que não se abre a vida

A esta vida que não tenho

A vida que não vivo

RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR

Outro lado




Quem me dera sarar esta ferida que desconheço


Expandir o olhar a algo bem mais distante do que um passado


Entregar-me completamente neste presente ausente


Seguir erguido para um futuro distante e oculto


Quem me dera sarar esta ferida que me eloquece


Libertar-me desta fúria que habita o meu intimo


Ganhar o direito de viver, de ser quem sou


Vencer de verdade e com verdade


Quem me dera sarar esta ferida que me destroi


Envolver-me na loucura de um pensamento vazio


Correr de vontade para um abraço que não vejo


Sentir-me forte neste corpo fraco


Sem reacção, sem lógica, sem medo e sem receio


Quem me dera seguir-te até ao outro lado